Bom dia pessoal, espero que estejam muito bem!
No último post, quando contava a minha história de como eu "virei" um guitarrista, eu contei um pouco da experiência de descobrir, sem a ajuda do Google, como se "tirava um som" daquele que viria a ser o meu instrumento preferido.
Creio que essa dúvida paira sobre muitas cabeças de guitarristas em início de "carreira". A primeira dúvida já começa logo na escolha do instrumento. Com a enorme quantidade de modelos disponíveis, às vezes é difícil tomarmos uma decisão sobre qual tipo de guitarra devemos escolher.
Neste post eu vou tentar dar algumas dicas para ajudar na sua escolha, mas sempre se lembre de que nada substitui a experiência de pegar o instrumento nas mãos, tocar com ele e sentir o que ele tem a dizer. No começo pode parecer tudo igual, mas com o tempo você vai perceber que cada instrumento é único, portanto, é preciso testa-lo antes de bater o martelo. Sendo assim, o guia deste post deve ser considerado só como referência, e não como verdade absoluta (se é que isso existe!) e visa colocar o primeiro filtro na sua escolha.
Para começar é preciso se perguntar: Qual é o som que eu pretendo fazer com essa guitarra?
De imediato já imaginamos que uma guitarra que faz um Metal excelente pode não ser muito apropriada para Blues ou Jazz... Uma semi-acústica certamente não terá a mesma pegada para o Rock e assim por diante. Então saber qual é o seu estilo e o que pretende tocar ajudará muito na escolha de um instrumento adequado. Claro, isso não é uma regra, mas é uma forma de simplificar as coisas.
Modelos de guitarras
Quando falamos em modelos de guitarras existem praticamente infinitas opções. Eu vou me concentrar em algumas características e alguns exemplos, mas na sua cabeça dois modelos de guitarra já estão estampados: a Fender Stratocaster (ou Strato para os íntimos) e a Gibson Les Paul. Não é à toa. Esses modelos são ícones, foram tocados e exibidos pelos melhores músicos mudo afora.
Mas o mundo é maior do que a dicotomia entre Strato e Les Paul. E você deve olhar isso com bons olhos, pois são mais opções para você escolher aquela que melhor se encaixa no seu perfil, incluindo o quesito desenho e não só o desempenho.
Alguns modelos icônicos da Fender e da Gibson. Da esquerda para a direita: Telecaster, Stratocaster, Les Paul, SG, Flyin V e Explorer |
Você precisa se atentar mais para o tipo de construção da guitarra do que para o seu modelo
Anatomia da guitarra
As guitarras são divididas em partes. O desenho abaixo demonstra quais são essas partes:
Captadores e suas características
Existem basicamente dois tipos de captadores disponíveis para as guitarras, os Humbuckers (ou chamados duplos) e os Single Coils (ou simples). Existe outras variações, como os P90, mas vamos nos ater apenas aos dois primeiros.
Single Coils
Os primeiros captadores inventados foram os do tipo single. Ele equipa a maioria das Stratocasters por aí.
Os singles tem como característica um som mais "aberto" e "brilhante" (é, na falta de melhores palavras, o timbre é descrito com outros atributos físicos mesmo....). A Strato é conhecida pelo seu som "estalado". Normalmente não são captadores com muita saída (claro, existem os hot singles, mas isso é outro assunto), portanto se dão bem com quase tudo. Quase... Por serem mais agudos e sujeitos a ruído, eles normalmente não soam bem quando colocados com distorções de alto ganho (o alto ganho se aplica tanto ao som como ao ruído). Não por acaso é raríssimo ver bandas de Heavy Metal utilizando este tipo de captação.
Os singles também tem uma maior propenção a apresentar chiado e ruído, mas tem uma sonoridade única. Não há quem não reconheça esse timbre que fez a cabeça de milhares de músicos de diferentes eras. De Jimmi Hendrix a David Gilmour, são muitos os que não resistem ao Single Coil.
Humbuckers
Os Humbuckers são captadores desenvolvidos após a criação dos singles, e visavam solucionar alguns dos seus problemas, entre eles a grande propenção a sofrer com interferências e ruídos. E o truque para isso é ter duas bobinas, ao invés de uma, onde o sinal está fora de fase entre elas. Complicado né? Basta saber disso: Humbuckers são mais silenciosos do que Singles.
Mas como nem tudo são flores, um efeito secundário dessa façanha é que a captação de algumas frequências é prejudicada, resultando em um som mais plano e menos brilhante.
Os Humbuckers normalmente são mais "potentes" que os single, e por serem mais imunes a ruídos, não sofrem quando colocados em uma distorção de alto ganho. Por esse motivo, são a opção mais comum para sons mais pesados e com grande quantidade de distorção.
Pontes e suas características
Podemos também dividir o mundo das pontes em dois tipos: fixas e flutuantes
Pontes Fixas:
As pontes fixas, presentes em modelos Les Paul, por exemplo, são pontes que não permitem qualquer movimento nas cordas. Normalmente são fixadas por parafusos ao corpo da guitarra
Ponte fixa de uma guitarra Telecaster |
Ponte tune-o-matic de uma guitatta Les Paul |
Pontes Flutuantes:
As pontes flutuantes funcionam equilibrando a tração exercida pelas cordas e um feixe de molas no sentido oposto, permitindo que se use uma alavanca para alterar a tensão das cordas, criando o efeito que chamamos de Whammy. Pontes flutuantes também são conhecidas por Whammy Bar.
Nesta categoria temos as pontes dos modelos Strato e também as conhecidas como Floyd Rose.
Ponte do modelo Floyd Rose. São usadas em uma infinidade de modelos |
Ponte do modelo Strato |
Vantagens e desvantagens
Claro que as diferentes pontes possuem seus prós e contras. Cabe a você sentir com qual você se adapta melhor. Eu, por exemplo, não consigo gostar da ponte tune-o-matic pelo seu posicionamento muito alto em relação ao corpo da guitarra, mas isso é uma coisa minha. Você pode gostar justamente disso.
As pontes fixas transferem melhor a vibração das cordas para o corpo do instrumento, por isso tendem a ter um melhor sustain do que as flutuantes.
Por outro lado, somente com uma ponte flutuante você pode usar a alavanca para dar o efeito whammy. É uma questão de onde e como você pretente aplicar o instrumento.
Ah, Rodrigo, mas eu vou tocar um pouco de tudo, como eu faço então?
Esse é o maior desafio. Existem guitarras muito bacanas no mercado que fazem um pouco de tudo, como é o caso da Music Man usada pelo mestre Steve Morse. É uma guitarra que tem nada menos do que 4 captadores, 2 humbuckers e 2 single coils, além de um captador piezoelétrico, que simula um violão. É um canivete suíço. Mas você já tentou apertar um parafuso com um canivete suíço? Pois é, ele faz o trabalho, mas uma chave de fenda o faria melhor, não é mesmo?
A melhor estratégia para quem vai tocar "um pouco de tudo" é: tente entender o que você vai tocar mais, e escolha uma guitarra apropriada para este estilo. Ela não vai fazer tão bonito nos outros, mas na maioria das vezes vai brilhar.
Exemplos:
A resposta a essa pergunta é outra pergunta: Não seria o máximo ter uma coleção delas?
Brincadeiras à parte, comece pela primeira. Estude, toque, toque muito. Veja o que está faltando e então ajuste para a próxima. Não sabe onde vender sua guitarra? Além de poder consultar a RR Music, existe o Mercado Livre, a OLX. Passe para o próximo instrumento, o próximo passo. Evolua de acordo com o seu som, e lembre-se que estamos sempre aprendendo.
O "canivete suíço" do mestre Steve Morse |
Exemplos:
- Você toca em uma banda cover do Metallica: A escolha óbvia é uma guitarra com humbuckers e ponte floyd rose, semelhante àquelas usadas pela banda na criação de suas músicas. Exemplos seriam as guitarras Kramer, Jackson, ESP, ou Ibanez.
- Você toca em uma banda de baile: Nesse caso é preciso versatilidade. Uma boa Strato normalmente dá conta do tipo de música que uma banda de baile toca (você não verá uma banda dessas tocando Slayer, não é mesmo?) Então, eu iria de Strato!
- Eu toco numa banda de rock clássico: O rock dos anos 70 estava recheado de Les Pauls por todos os lados. As distorções quentes desse modelo, associadas ao visual clássico, completam o cenário: Vá de Les Paul!
- Eu toco música Country, e alguma coisa de blues-rock de vez em quando: A Telecaster é uma ótima pedida para esses estilos, tanto pela aparência como pela sonoridade. Os mestres do Country a usavam, por que você não usaria?
Isso tudo não quer dizer que você não pode fazr Blues com uma Ibanez. Apenas não será tão típico e bacana como quando feito com uma Strato ou uma Tele, e por aí vai.
Fato é que o tipo de guitarra que pode fazer mais coisas é uma que tenha Humbuckers e ponte Floyd Rose. Acertando a seleção de captadores você consegue fazer quase tudo nesse cenário.
Mas Rodrigo, eu vou ter que ter mais de uma guitarra?
A resposta a essa pergunta é outra pergunta: Não seria o máximo ter uma coleção delas?
Brincadeiras à parte, comece pela primeira. Estude, toque, toque muito. Veja o que está faltando e então ajuste para a próxima. Não sabe onde vender sua guitarra? Além de poder consultar a RR Music, existe o Mercado Livre, a OLX. Passe para o próximo instrumento, o próximo passo. Evolua de acordo com o seu som, e lembre-se que estamos sempre aprendendo.
Conclusões
O segredo é sentar na loja, pegar a guitarra nas mãos e tocar. Dizem que quando é o instrumento certo ele te "chama", entra em sintonia. Se você sentir isso, não duvide, é o seu instrumento.
Lembre-se de que em mãos hábeis, qualquer instrumento pode fazer bonito, em qualquer situação. Então, em vez de focar seus esforços para comprar a guitarra igual à do seu ídolo, foque nos seus estudos, melhore sua técnica, seu entendimento sobre o instrumento e sua pegada. Isso fará absolutamente toda a diferença.
De que adianta termos uma Ferrari na garagem se não soubermos como dirigir?
Sejam felizes.
Agradeço de coração pela “visita”, e espero que gostem da nossa proposta. Não esqueçam de visitar nossa loja virtual no Facebook: https://www.facebook.com/RRMusicInstrumentos.
Um grande abraço e muito sucesso para todos nós.
Rodrigo Ramos
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